Por Marco Faustino
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Após serem sepultados em meio as cinzas há mais de 1.900 anos, as vítimas da devastadora erupção em Pompeia, na Itália estão sendo trazidos "de volta à vida" usando a tecnologia de imagem dos dias atuais. Os arqueólogos passaram o ano passado inteiro, restaurando cuidadosamente os corpos que foram preservados de 86 moradores da antiga cidade, que morreram devido a erupção do Vesúvio em 79 a.C.
Assim sendo, os restauradores divulgaram os primeiros resultados destes exames feitos recentemente para mostrar o que está sob o gesso e as camadas mais externas dessas pessoas que foram, metaforicamente dizendo, "congeladas no tempo". Vamos saber mais sobre esse assunto?
Os Novos Exames de Tomografia Computadorizada
Entre as vítimas que foram escaneadas, estava um menino que acreditam que possuía por volta de 4 anos de idade, aparentando estar apavorado. Ele foi descoberto ao lado de um homem adulto e uma mulher também adulta, em que se presume que seriam seus pais. Assim como uma criança bem mais nova, que parecia estar dormindo no colo de sua mãe. As roupas do menino são visíveis no molde de gesso, mas agora os novos exames revelaram seu pequeno esqueleto por baixo dessas roupas.
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Molde de gesso contendo os restos mortais de um um menino, que acreditam ter aproximadamente 4 anos de idade |
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Imagem mais aproximada da região da cabeça do menino que foi "congelado" no tempo em meio as cinzas do vulcão Vesúvio |
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A parte exterior e interior do molde de gesso, do mesmo menino, ao passar pelo equipamento de tomografia computadorizada |
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Mais uma imagem do exame de tomografia computadorizada do menino |
Vale ressaltar que os especialistas do Sítio Arqueológico de Pompeia tiveram todo esse trabalho, pois estão preparando os restos mortais pungentes para uma exposição chamada "Pompeia e a Europa". Ao longo dos anos, muitas das vítimas foram envolvidas em moldes de gesso para ajudar a preservá-los, bem como as suas posições.
Os equipamentos de tomografia axial computorizada (TAC), também conhecidos como scanners de TC, são utilizados porque eles produzem modelos detalhados em 3D dos restos mortais. São assim usados pelos médicos para examinar uma parte do corpo de cada vez e dessa forma poder identificar áreas específicas. Está se tornando um método comum para examinar resquícios arqueológicos e foi previamente utilizado para estudar, por exemplo, as múmias egípcias.
O superintendente arqueológico de Pompéia, Massimo Osanna, foi rápido em destacar a importância do projeto interdisciplinar, que consiste basicamente em arqueólogos trabalhando ao lado de engenheiros da computação, radiologistas e odontologistas. Vale ressaltar também, que neste estudo os cientistas estão usando um equipamento de TAC com 16 camadas de detectores.
"Isso irá revelar muito sobre as vítimas: a idade, o sexo, o que eles comiam, quais doenças que possuíam e de qual classe social pertenciam. Será um grande avanço em nosso conhecimento da antiguidade", completou.
Infelizmente, o equipamento só permite a passagem de moldes de até 70cm de diâmetro. Assim sendo, partes mais corpulentas dos moldes de gesso permanecerão um mistério. Porém, suas cabeças e caixas torácicas serão analisadas na medida do possível. Até agora 30 dos 86 moldes de gesso foram escaneados.
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Mais uma imagem de tomografia computadorizada de uma das vítimas em Pompeia, na Itália |
Talvez a descoberta mais surpreendente foi a ótima condição dentária dos moradores. Os pesquisadores sugerem que eles deviam ter um baixo nível de açúcar, uma dieta rica em fibras e até mesmo podiam se alimentar melhor do que fazemos hoje em dia.
"Com certeza eles se alimentavam melhor do que fazemos hoje em dia", disse a ortodontista Elisa Vanacore durante uma coletiva de imprensa em Pompeia, na última terça-feira (29), depois de analisar alguns dos resultados iniciais.
"Eles realmente possuíam uma boa dentição. Tinham uma dieta com baixos índices de açúcares, e rica em frutas e legumes", completou, talvez em uma tentativa de rebater a imagem que os romanos sempre tiveram por amar imensos banquetes e um consumo excessivo de vinho.
As posturas das pessoas revelam como elas morreram, algumas presas em habitações e outras se abrigando com membros da família. Em uma foto bem comovente, Stefano Vanacore, diretor do laboratório onde foram realizados os exames, pode ser visto carregando em seus braços, o que um dia em vida, foi uma pequena criança. Ela foi aprisionada pelas cinzas, quando o vulcão entrou em erupção no dia 24 de agosto de 79 a.C, sendo que algumas pessoas discutem sobre essa data, que poderia ser em algum dia de novembro daquele mesmo ano.
Outro molde de gesso de um homem adulto revela que ele levantou as mãos acima da cabeça, em um gesto aparentemente de proteção, talvez uma tentativa de evitar sua própria morte em Pompeia, que foi uma grande cidade romana na região italiana de Campania.
O Desastre E Os Moldes De Gesso Feitos Das Cavidades Encontradas Durante As Escavações
O Monte Vesúvio desencadeou seu poder expelindo grandes quantidades de cinzas (estima-se algo em torno de 4km³) no ar por 18 horas, que caiu sobre a cidade, asfixiando moradores e cobrindo edificações. Entretanto, a catástrofe mortal ocorreu na manhã seguinte, quando o cone do vulcão entrou em colapso, causando uma avalanche de lama fervente viajando a cerca de 160 km/h, inundando Pompeia. A avalanche destruiu tudo em seu caminho e cobriu a cidade, até mesmo as edificações mais altas foram enterradas.
As pessoas também foram enterradas nas cinzas. Isso fez com que os corpos endurecessem, e formassem uma casca porosa. Assim sendo, os tecidos moles dos corpos acabaram se decompondo, deixando apenas um esqueleto em meio as cavidades.
A cidade foi abandonada até que foi redescoberta em 1748. Muitas edificações, artefatos e esqueletos foram encontrados intactos sob uma camada de detritos. Hoje em dia o local é classificado como Patrimônio Mundial da UNESCO e mais de 2,5 milhões de turistas visitam o sítio arqueológico a cada ano.
Os escavadores ficaram surpresos ao encontrar restos humanos dentro cavidades em meio as cinzas, e logo descobriram como criar moldes das pessoas para poderem capturar o exato momento de suas mortes, que estavam aprisionadas no tempo. Os arqueólogos despejaram gesso no interior para registrar as posições em que as pessoas estavam quando elas morreram, protegendo seus esqueletos dentro do gesso antes de remover molde da cavidade alguns dias depois. A técnica permitiu ver as expressões angustiadas de dor. Fossem elas de homens, mulheres ou crianças, assim como detalhes de penteados de cabelo e roupas usadas na época.
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Até mesmo moldes de gesso de animais foram criados. Na foto temos um porquinho encontrado durante as escavações. |
Aproximadamente 1.150 corpos foram descobertos até agora, apesar de um terço da cidade ainda precise ser escavada. Estima-se que em algo em torno de 10.000 a 25.000 moradores de Pompeia e Herculano foram mortos devido ao vulcão Vesúvio em 79 a.C.
Pesquisa/Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino
Fontes:
http://www.thelocal.it/20150929/scans-of-petrified-victims-show-pompeii-in-gold-health
http://www.gazzettadelsud.it/news/english/160328/Pompeii-residents--had-perfect-teeth-.html
http://www.newindianexpress.com/world/Pompeii-Pearly-Whites-Were-Better-Than-Ours/2015/10/01/article3057055.ece
http://www.ancient-origins.net/news-history-archaeology/new-scans-ancient-pompeii-victims-reveal-great-teeth-and-good-health-004051
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-3253660/Peering-inside-Pompeii-s-tragic-victims-Incredible-CT-scans-reveal-bodies-unprecedented-laying-bare-bones-delicate-facial-features-dental-cavities.html