Por Marco Faustino
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Será que a Agência Espacial Americana poderia lançar bombas nucleares no espaço para defender a Terra contra asteroides? Esse texto é um pouco longo, mas acredito que ficou bem completo para os interessados nesta área e mescla diversas fontes.
Na quarta-feira passada (16), a NASA (Agência Espacial Americana) e NNSA (Administração Nacional de Segurança Nuclear), que constroem foguetes e armas nucleares civis, respectivamente, selaram um acordo para começar a trabalhar em conjunto no campo de defesa planetária. O objetivo é estudar a melhor forma de desviar cometas e asteroides que possam por em perigo cidades e, no caso de objetos maiores, o planeta como um todo.
"Frequentemente essas agências se concentram em suas próprias peças do quebra-cabeça, então qualquer coisa que as une é uma coisa boa", disse Bruce Betts, Diretor de Ciência e Tecnologia da Sociedade Planetária, um grupo sem fins lucrativos que promove a exploração do espaço, em recente entrevista para o NY Times.
As duas agências há muito tempo estudam tais ameaças por conta própria. Eles examinaram os destroços cósmicos, projetaram foguetes interceptadores e fizeram simulações em supercomputadores para ver se uma explosão nuclear poderia deslocar um grande asteroide para fora do seu curso. Em entrevistas, autoridades federais e demais peritos disseram que o novo convênio interinstitucional irá aprofundar os níveis de cooperação de especialistas e planejamento governamental, em um última análise, aumentando as chances que um objeto fosse desviado com sucesso.
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Brian May, astrofísico, fundador e guitarrista da banda Queen |
Em 30 de junho agora, especialistas e defensores, incluindo Brian May, um astrofísico que é membro fundador e guitarrista da banda Queen, estão engrossando uma campanha global de conscientização chamada de "Dia do Asteroide" (http://www.asteroidday.org). A data é relacionada ao aniversário do maior impacto de um asteroide na história recente - em 1908, quando um intruso cósmico derrubou milhões de árvores na Sibéria com uma explosão que se avalia ter sido 1.000 vezes mais potente que a bomba nuclear que arrasou Hiroshima.
Um exemplo anterior de pesquisa federal, veio do laboratório de armas de Los Alamos, no Novo México, EUA, o berço da bomba de Hiroshima. Um astrofísico, Robert Weaver, fez simulações em um supercomputador do aclamado laboratório em um artigo há dois anos como sendo os passos rumo a exploração para a "Matança de asteroides". Ele citou sobre a tal pesquisa dizendo: "esperamos dar aos responsáveis políticos uma melhor compreensão do quais são as suas opções".
Há oito anos, os cientistas da NASA detalharam planos para um foguete interceptador equipado com a B83 - uma ogiva nuclear cerca de 75 vezes mais poderosa que a bomba de Hiroshima.
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Simulação de como funcionaria o Veículo de Hipervelocidade para Interceptação de Asteroides" (HAIV) |
Em entrevistas, as autoridades têm se recusado a dizer se alguma arma específica do arsenal nuclear dos EUA foi reservada para fazer frente a alguma ameaça sideral. No entanto, os cientistas acreditam que existem cerca de um milhão de asteroides próximos da Terra, que poderiam representar uma ameaça ao nosso planeta, mas apenas uma pequena parte deles foram detectados até agora.
Uma prova dramática que qualquer um destes pode atingir a Terra, surgiu em 15 de fevereiro do ano passado. Um objeto desconhecido, que acreditam que tivesse 7.000 toneladas, explodiu acima de Chelyabinsk, na Rússia, com potência de cerca de 20 a 30 vezes superior a energia da bomba atômica de Hiroshima. A onda de choque resultante provocou danos generalizados e ferimentos em mais de 1.500 moradores, tornando-se o maior objeto natural conhecido por ter entrado na atmosfera desde 1908. A luz ofuscante do intruso rochoso cegou temporariamente e queimou a pele de muitos, mesmo com a temperatura do dia fosse bem abaixo de zero.
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Um buraco no gelo de um lago congelado perto de Chelyabinsk, na Rússia, em 2013, após um meteoro 7.000 toneladas ter explodido sobre a cidade. |
Usar armas nucleares para explodir asteroides poderia funcionar particularmente bem em asteroides e cometas que tivessem entre 50 metros a 150 metros de diâmetro. Alguns especialistas, no entanto, afirmam que os fragmentos de rocha resultantes poderiam piorar a situação, e que desviar um asteroide pode vir a ser uma solução melhor.
Um desastre global, dizem os cientistas, exigiria que o impacto de um asteroide ou cometa com um diâmetro de, pelo menos, 1 km. Até agora, eles encontraram cerca de 1.000 objetos deste tamanho que atravessam periodicamente o caminho da Terra, embora nenhum seja visto como uma ameaça de colisão em um futuro previsível. Ao longo das últimas duas décadas, a Nasa tem procurado perigosos próximos da Terra asteroides maiores que 1 km de tamanho, e afirma ter encontrado 98% deles.
Em uma sessão na conferência SXSW no Texas, no ano passado, o cientista Jason Kessler, da NASA, disse: "A probabilidade de algo colidindo conosco no futuro é praticamente garantida, embora não exista uma ameaça iminente".
"É mais complexo do que a maioria das pessoas imaginam" disse o Dr. Betts da Sociedade Planetária, sobre uma possível missão para desviar uma imensa rocha em altíssima velocidade, especialmente com uma ogiva nuclear. "Em um cenário ideal", acrescentou, "não vamos ter que usá-la, mas devemos falar sobre isso e compreendê-la antes de ter de tomar decisões difíceis".
Tradução/Adaptação: Marco Faustino
Fontes:
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-3135279/Nasa-use-NUKES-defend-Earth-asteroids-Agency-teams-nuclear-experts-develop-space-bombs.html
http://www.nytimes.com/2015/06/19/science/agencies-make-plans-to-step-up-planetary-defense.html
http://www.nytimes.com/2013/02/16/world/europe/meteorite-fragments-are-said-to-rain-down-on-siberia.html
http://www.lanl.gov/discover/publications/national-security-science/2013-april/_assets/docs/killing-asteroids.pdf
http://www.foxnews.com/story/2007/08/08/nasa-researchers-ponder-nuclear-asteroid-deflector.html
http://www.nss.org/resources/library/planetarydefense/2007-NearEarthObjectMitigationOptionsUsingExplorationTechnologies.pdf